segunda-feira, 30 de maio de 2016

Rosa dos Ventos: vento minuano

     Em 21 de fevereiro de 2016,  experimentei ir mais longe percorrendo quase 500 km de Florianópolis SC a Caxias do Sul RS.  Foram 6 dias passando por várias cidades entre os dois estados. Perfeito. Tive a felicidade de pegar dias super estáveis. Conhecer pessoas maravilhosas. Fotografar paisagens lindíssimas. Experimentar a energia de vidas diferentes. E voltar com mais bagagem de vida. Conhecimento, experiência única. 

     Não que eu comece as minhas viagens sempre aos domingos, coincidiu. Domingo sempre é tão tranquilo.  Parti pra Caxias do Sul, às 11 h da manhã. Perto de uma hora da tarde, já perto do Campeche liguei para a Cléia (minha amiga) pensando num bom copo de suco na casa dela. E ela disse: "estamos com o almoço na mesa, chega aqui". Fui. Hummmmm... sempre é muito bom almoço com tempero de outra mão.  E conversa vai, conversa vem... acertamos que seria melhor atravessar de carro o Morro dos Cavalos, entre Palhoça SC e Paulo Lopes porque num trecho de mais ou menos 3 km não há acostamentos (!!!). O que torna a subida de bicicleta muito perigosa.  E acabei ganhando uma pernoite na casa da Neide, amiga de tantos anos, em Garopaba.

     Segundona... cedo, bem cedo. Estrada, BR 101.  É uma estrada de movimento intenso de carros e caminhões. E assim eu segui, com muitos cuidados, atentamente rumo ao Sul.  Eu deslizava de uma forma rápida e tranquila...mais cedo do que imaginei estava passando por Imbituba e logo alcançando Laguna.  Sem esquecer de como é importante estar tomando água a cada meia hora, pelo menos. Passei pela Ponte Anita Garibaldi perto de 11 h da manhã, o que me dava um tempo pra escolher um bom lugar pra parar, comer e descansar... é, o sol estava a pino.

     E a BR 101, por mais intensa que parecia ser, a viagem estava tranquila, deslizando...parando a cada tempo pra respirar, comer, hidratar... fotografar. Fotografias pra eternizar meus momentos, minhas aventuras. Histórias são melhor contadas com fotografias.  Olha, quando vi essa placa que dizia faltar apenas 29 km pensei: nossa voei.  Continuei pedalando e esses 29 nunca acabavam. Foi quando parei num lugar pra perguntar caminhos mais curtos pra chegar a Criciúma. Questionei com o frentista sobre essa distância e ele confirmou:  "a placa sinalizava a distância errada... pra menos".  Mesmo assim, cheguei em Criciúma depois de pedalar quase 9 h. Fui direto pra casa da Cris e do Jurandir, dois fotógrafos amigos meus, que atuam nessa cidade há quase 8 anos. A energia desses eternos reencontros com eles são sempre de bom tamanho. Depois do banho, um bom papo acompanhado de um suco maravilhoso e brusquetas italianas que Cris sabe fazer muitoooo bem! 

     No outro dia: café da manhã, bate papo, pãozinho com queijo, conversa vai, conversa vem e é hora de partir.  Conselhos, recados e abraços.

Eu e Jurandir, fotografados pela Cris

     Terça feira, dia 23 de fevereiro. Como toda cidade que não conhecemos fica sempre mais lenta a saída... informação aqui, outra mais acolá. Criciúma também carece de mais ciclovias ou ciclofaixas. Tem um trânsito bem difícil.  Na saída, antes de entrar na rodovia, rs rs rs mais uma barraquinha com frutas e água de coco.  Não deixe pra hidratar depois se pode fazer neste momento.  Pode ser que depois não ache mais um lugar apropriado. Bananas, muito importante. Maças, suco de butiá, biscoitos caseiros.  E eu tava pronta pra encarar o dia...

     Essa região entre Criciúma e Praia Grande, conhecida por suas plantações de arroz.  De uma beleza ímpar que completa o percurso. E a medida que fui me afastando, mais e mais as plantações de arroz apareciam em sua grandeza de nuances da cor verde.

       A composição natural era de uma perfeição divina... por várias vezes, parei pra fotografar e incorporar tanta magnitude. Rezar e agradecer pela oportunidade. Pedalando em direção a Jacinto Machado, passei por Forquilhinha, Turvo, Ermo.

    Cheguei em Jacinto Machado perto de 16 h. E fui me informar sobre a possibilidade de continuar a Praia Grande ou ficar, e o que vim a saber é que teria 33 km de estrada de chão com pedras. Preferi ficar e pernoitei no único hotel da cidade, o Hotel Zanatta. 

     No quarto dia da viagem tudo era cada vez mais tranquilo, vantagem de viajar por cidades pequenas. O silêncio toma conta e tudo parece plainar, enquanto saía da cidade passei por apenas dois carros e um caminhão. Num piscar de olhos estava fora da cidade.

     Logo cheguei a estrada de chão recheada de pedras roliças, o que dificultou muito a viagem. Com essas pedras, a cada instante poderia resvalar e cair. A viagem se tornou lenta, mas não menos maravilhosa. Pelo cuidado a cada curva ou descidas novas paisagens pra compensar o desafio.

     E numa dessas descidas cheias de pedrinhas bem redondinhas, escorregadias senti que havia algo diferente. Sim, o pneu furou...bem furadinho.  Como a bicicleta estava pesada com as malas, fui empurrando até achar um espaço apropriado pra trocar a câmera.

     É uma situação a ser pensada antes, e em como resolver quando acontecer. Por isso procurei aprender a trocar a câmera, o que é relativamente fácil, basta querer. Depois é seguir viagem e assim que encontrar um borracheiro, arrumar ou comprar uma câmara nova.

     

     Sorrisão, canjica de fora...dá pra entender esse clima de quero mais, quero mais...e na hora que eu pensei que estava muito longe ainda, cheguei...antes do tempo, antes da hora.

    Praia Grande está a 12 km antes da divisa SC-RS.  E a 38 km até Cambará RS. Portanto, eu teria que decidir se ia ou ficava. Encontrei uma borracharia logo na entrada da cidade pra arrumar minha câmera furada. Conversando com o  borracheiro, ele me falou que entre Praia Grande e Cambará tem uma lancheria e que eu poderia ficar lá, e segui seu conselho. Como era cedo pra parar, arrisquei seguir até a lancheria da Nina.

     Entre o centro de Praia Grande  e a Pousada da Nina,  foram 8 km de subida. Infelizmente, mais uma obra inacabada, o asfalto que deveria estar pronto ficou pela metade, porque as curvas que eram pra ser feitas com cimento, não foram. Então esses 12 km entre Praia Grande até a divisa dos estados são assim ora asfalto, ora curvas por fazer... ora asfalto, ora curvas com cascalho. Mas o tempo estava a meu favor. Subi devagarinho curtindo todos os momentos.

     Entre todos os dias, não dá pra dizer que esse dia foi melhor, ou aquele dia foi melhor... cada dia é mais lindo que o outro. Cada dia com novas informações, novas paisagens, novas cores.  Indescritível.  Cheguei a essa altura onde dá pra ver o mar ao longe, horizonte muito além... e o pensamento voa. E mais, ficar imaginando que algumas horas atrás a vista era inversa. E o inverso com beleza sem comparações, por isso a beleza depende do bem estar espiritual naquele momento.  Sem igual foi chegar a Pousada e Café Colonial da Serra. Nina e a Cris, mãe e filha num cuidado extremo pra quem chega. 

     Me senti acolhida.  Mais do que acolhida, com Nina, no café da manhã, naquela hora do tricô, os pensamentos correram em palavras. Obrigado Nina, Cris e Frank por tanta gentileza. Vocês moram pra sempre em meu coração. Pois momentos como esses que eu vivi com vocês jamais poderão ser esquecidos. Cris e Frank, cheios de solidariedade e na minha dificuldade pra subir o restante da Serra do Faxinal me deram uma carona até a divisa. E só aí deu pra perceber, realmente,  as falhas da estrada. Bem dizer, impossível pedalar com a bicicleta carregada.

Curtindo a carona!
     E apesar de todas as dificuldades pra subida, as paisagens são de tirar o fôlego de qualquer visitante.  Um horizonte com todos os verdes possíveis: verde claro, verde escuro, verde folha. Uma verdadeira pintura a céu aberto.

     Chegou a hora dos abraços, dos obrigados, diante dessa paisagem!

     Estava eu na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.  De longe eu vi o último tchau deles, virei e fui.  Pedalei poucos metros e aquele silêncio profundo me fez parar.  Parei, respirei pra sentir bem fundo o ar puro do céu. É como se estivesse voando, plainando. Dá uma sensação muito grande de bem estar.  De limpeza profunda.  Você não está ali... é quase um desligamento, ou quer dizer, houve um desligamento pra voar um pouco mais perto do céu.

     Voltando a realidade, da estrada de chão com muitas pedras roliças e escorregadias! Quando se acha que vai acabar, ainda tem mais e mais. 

     E para a minha alegria logo cheguei a entrada do Parque Nacional Aparados da Serra. Porque ir até lá e não entrar, seria como nadar, nadar e morrer na praia. 

     Pedestres e ciclistas tem livre acesso. Da entrada até o primeiro Canyon são 3 km o que pedalando, apesar do sol escaldante, foi bem melhor. E entre pequenas paradas pra me alimentar, hidratar, descansar, as horas foram passando, e quase raspando nos pés dos Canyons, pausa para esse registro imperdível.

     Nesse caminho conheci a Ivonete, minha conterrânea, de Foz do Iguaçu e o marido dela Robisson. Obrigada pela companhia, pela conversa, pela troca de fotografias.  Nesse lugar tão especial.

     Assim, nos separamos, porque eu precisava chegar a Cambará e tinha muito chão pela frente.

     Nessa distância entre o Parque e Cambará foram momentos bem cansativos. A estrada de chão e com muitos cascalhos grandes e soltos tive uma dificuldade muito grande na pedalada. Somando os dias pedalados e as subidas com a bicicleta carregada tive que parar muito, a todo instante, pois ou eram subidas difíceis, ou cansaço, a sede, a fome.  Nessa hora o pensamento tem que começar a trabalhar para o psicológico não cair.  Momentos que o melhor a fazer é sentar e relaxar, dar tchau pra um ou dois carros que passam rumo a Cambará. 

     Mesmo com todas as dificuldades cheguei em tempo bom, logo procurei uma pequena pousada pois o frio a noite é de doer. Perto de 19 h  fui jantar e tomar uma boa taça de cerveja artesanal.  Muito bommmmmmm! Estava bem cansada e por isso, foi só encostar a cabeça no travesseiro e dormir profundamente.


     E nesse dia, o que era a minha pretensão tentar chegar em Caxias do Sul.  Mas Caxias ficava a 130 km de Cambará. Se o tempo e a estrada ajudasse poderia até conseguir. Arrumei tudo e saí a procura de um café.  Na padaria encontrei a Suzana, mulher guerreira que trabalha de sol a sol, pra conseguir administrar sua Panificadora.                

     Cambará é uma cidade bem pequena mas super aconchegante.  E buscando a saída, o que não era nada difícil pois existem poucas ruas, cheguei a um posto de gasolina pra calibrar os pneus.

     Nessa hora, uma voz feminina me chama, eu olho pra cima pois estava abaixada.  Era Abiqueila, uma menina... uma mulher, também cicloviajante e que me viu a calibrar os pneus.  Doce encontro. Ficamos mais ou menos uns 30 min conversando, trocando informações e curiosidades uma da outra.  E na despedida, não poderíamos esquecer das fotos, números de celular, facebook... ficou a promessa do reencontro.



(Pequeno parenteses para dizer que nos reencontramos sim! Aconteceu quando a Abi, depois de sua viagem que durou dois meses e antes de retornar a São Paulo sua terra natal, passou em minha casa em Florianópolis. Foi apenas uma semana mas que deu pra ela conhecer e curtir a ilha)

Cumprindo nossa promessa do reencontro


     Retornando a saída de Cambará, teria 30 km até a Rótula da Rota do Sol.  Estrada que particularmente, ou pelo dia maravilhosooooooo, é uma das estradas mais lindas de se ver. Sua linha bem desenhada em composição perfeita com o céu, as árvores, os pastos, as pedras!!!

     Nessa hora, a distância percorrida, ou a distância a percorrer é o que menos importa. Mas as placas sinalizadoras fazem a gente parar de sonhar e voltar a realidade. Caraca... 120 km até Caxias, acho que tá na hora de pedalar!

     "Devagarinho e sempre", esse ditado popular sempre vem a calhar quando se pensa que não vamos conseguir.  Sempre, sempre se consegue quando se quer conseguir. Hora para pra fotografar, hora pra beber água, hora para absorver a energia da natureza.  E a Rota do Sol aparece.

     Estava dentro do meu tempo. Mas ainda faltava 100 km e o sol começava a bater na soleira.  Perto de 11 h da manhã resolvi ir adiante o que eu aguentasse. Pois, com certeza, ao meio-dia não teria mais condições de continuar, pois a temperatura já estava numa média de 32 graus.

     Com o tempo, vamos aprendendo a compreender quando devemos insistir ou não, a determinadas forças.  E quando foi 12 h 30, a temperatura beirou os 35 graus. Não era mais hora de eu brincar de desidratar, parei e pedi uma carona pra sair daquele calourão. A Rodovia Rota do Sol é muito isolada com alguns poucos municípios ou comunidades. E eu estava no meio do nada.

     Parou um caminhoneiro muito gentil que estava retornando pra Caxias de São Paulo, seu caminhão estava vazio.  Na sua carona, adiantei 30 km. O bastante pra sair daquele sol escaldante.

     Mesmo não tendo mais a alta temperatura do meio dia, a viagem foi de suar muuuito, pois a temperatura continuava alta, e aos poucos toda a minha água e sucos armazenados foi acabando. Perto das 16 h estava chegando em Caxias.  O que me deixou um pouco decepcionada foi que teria que enfrentar perto de 3 km de subida sem acostamento.

     Estrada com movimento muito intenso, carga pesada. E eu ali, o que restou foi descer e empurrar a bicicleta até o trevo lá em cima. Melhor do que arriscar toda a minha viagem e a minha segurança.  Devagarinho e sempre.

      No trevo, avisei a Deise (minha comadre) que eu estava chegando.  E agora sim, prova de força, porque Caxias é uma cidade grande, com cerca de 500 mil habitantes. Ciclovias, ciclofaixas nem pensar. O jeito era enfrentar as ruas e as calçadas pra poder chegar a casa da Deise e do Anderson. Já não tinha mais água pra beber.  Mas a casa deles estava perto. E ainda cheguei antes da chuva prometida.  Já no prédio, entrei e fiquei esperando por eles, pois haviam ido buscar meu querido afilhado na escolinha. Sentada na escada, escutei eles chegando.  

Surpresa na chegada, ganhei até troféu!

     Entre risos e abraços foi nosso encontro e minha chegada, minha segunda viagem experimental.  Grande experiência, grande aprendizado. E pra fechar com chave de ouro, eles me presentearam com um troféu em homenagem ao sonho cumprido. Obrigadoooooo!!! Obrigado também as minhas filhas e aos amigos que acompanharam dando força e palavras de carinho!

sábado, 28 de maio de 2016

Rosa dos Ventos: vento de leste

     Depois que se pega o gosto da bicicleta difícil é parar.  Depois da primeira pedalada longa, já fica pensando na próxima. E depois de cicloviajar, aí sim...você tá perdido rs rs rs  porque seu coração entende que dá pra ir a qualquer lugar que você sonhar. Nas primeiras viagens percorri o sul de Santa Catarina, pensei também em explorar o norte do estado. A minha ideia era sair de Florianópolis, ir até Jaraguá do Sul, descer para Massaranduba, Blumenau, Brusque, Tijucas e retornar a Florianópolis. Mas o caminho acabou sendo outro...

     Então, saí dia 28 de março da minha casa, pela manhã. Só a saída da minha casa, que fica no leste da ilha, até o centro já seriam mais ou menos 35 km.

     Nessa foto, bem lá fundo, vemos a Praia do Moçambique. É onde eu moro na comunidade de São João do Rio Vermelho. E mais aqui, logo no pé dessa subida, a Barra da Lagoa.  Bom, segui em frente. Minha pretensão era chegar a Itapema ou Balneário Camboriú.  Após essa subida passo pela Praia Mole e chego a Av. das Rendeiras, na Lagoa da Conceição, famoso cartão postal de nossa cidade. Parei pra beber aquele caldo de cana quando encontrei meu amigo querido e também fotógrafo Nando Acha. Que me presenteou com esse registro fabuloso na Lagoa da Conceição.

      Depois de alguns minutos de prosa, segui o meu caminho. A saída da ilha, pra mim, é o percurso de maior tensão. Principalmente, entre o trevo do Canto da Lagoa até o trevo da Seta, na costeira. Mas, mesmo assim, vale a pena pegar a saída sul da ilha.

Antes de chegar a ponte, pela estrada velha do Bairro Saco dos Limões, encontro essa maravilhosa árvore. Ela floresce todo mês de março.  E fica mais linda quando o dia é de muito sol pois as cores entram num contraste impressionante!!!

  Com a certeza de que novas histórias viriam pra compor os capítulos da minha vida!!!

      E a manhã passou muito rápido entre paradas e conversas.   Atravessei a ponte Hercílio Luz, cortei pela Beira Mar Continental, entrei pelo Balneário Estreito e saí na Leoberto Leal, quase em São José. Como já chegava perto do meio dia passei na casa de minha mãezinha querida pra comer algo e retornei a estrada...tinha que alcançar a BR 101, estrada de movimento intenso de carros e caminhões. Lembrando que estava em plena segunda feira.  

     O dia maravilhoso de muito sol, do jeito que eu gosto, com muito calor. Perfeito pra pedalar até dizer chega. 

     Apesar de estar em uma BR, a viagem transcorreu tranquilamente.  E cheguei a Itapema perto das cinco e meia da tarde. Fui direto pra casa da minha amiga irmã Inês.

Inês...quecível e eu
     Se sempre tivéssemos um lugar carinhoso pra pernoitar... com um bom café, conversa em volta da mesa. Confidências de uma amizade de 40 anos, risadas, fofocas, o tricô foi até de madrugada fazendo eu esquecer que de manhã cedo teria que partir rs rs rs.

                          


    
     Rumo a Camboriú pra ver mais um amigo. Roberto é o responsável pelo meu amor as boas pedaladas, agora as boas viagens.  Não poderia deixar de ir vê-lo.  Conheci Roberto, na academia do meu bairro, onde ele era o professor. Logo fizemos amizade e ele me indicou o ciclismo pra complementar a musculação. Comecei em sua própria bicicleta e com sua orientação. A cada dia que passava mais eu queria pedalar. Começou a época de sentir falta da bicicleta, então resolvi comprar uma pra mim. Grande decisão. Desde essa época já se passaram 11 anos de amor pela minha magrelinha.
     Quando cheguei a Camboriú e com a orientação do Roberto atravessei a cidade pela ciclovia na Beira Mar.
     Fui recebida no Espace Mavie onde experimentei um delicioso suco reenergizante Verde Claro.... hummmmm. Também conheci a Lucimara e a Dani, professora de Ballet e Pilates e reencontrei o Roberto.

     
           Do nosso futuro só Deus sabe. Das nossas escolhas temos o livre arbítrio. 

     Eu pensava em dar aquela passadinha, matar a saudade e botar o pé na estrada. Mas conversa vai... o tempo passou e acabei ficando pra almoçar. Conversa vem... já não valeria cair na estrada e aceitei ficar em seu apartamento.  Também com essa vista, barulho do mar!

     Sabe, aquela hora que você pensa e resolve mudar todo o capítulo.  Foi assim, resolvi voltar pra casa depois de Camboriú.  Não sei porque ainda, mas no outro dia levantei cedo e retornei.

     Pelo mesmo caminho da ida, fiz a volta. Ciclovia da Beira Mar e BR 101. Por fim, a viagem teve uma rota bem diferente da planejada, e será que valeu a pena? "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena", já diria Fernando Pessoa.

     Como qualquer pedalada, um desafio. Porque de Camboriú até minha casa são quase 120 km.

     Saí de Camboriú perto de 9 h da manhã e cheguei em casa 16 h 30. Cansativo, sim.  Mas ao mesmo tempo com as certezas de que dá pra conseguir. Seu corpo consegue, sua mente consegue.

  E dentro do devagarinho e sempre: parando, fotografando, descansando, hidratando a todo instante fui me aproximando de casa.

     Eu moro em Florianópolis há 34 anos. Já viajei para vários lugares, por dias, semanas e até meses. Mas quando eu volto e sinto a energia da ilha, eu penso: tô de volta.

     "Estou de volta pro meu aconchego...trazendo na mala bastante saudade..."